História dos Uniformes da Área de Saúde: de Hipócrates ao combate do Coronavírus
Além de obedecer protocolos de cada profissão, os uniformes são parte da identidade do trabalhador. Através de um determinado uniforme, ou dress code do setor, conseguimos identificar ou pelo menos ter noção de qual área um determinado profissional faz parte.
Os uniformes da área da saúde, por exemplo, têm vários símbolos das profissões que abrangem. Primeiramente, pensamos nos pijamas cirúrgicos, jalecos ou aquele uniforme todo branco, típico de quem se dedica a proteger a vida do próximo.
Mas será que os uniformes de enfermeiros, médicos, cirurgiões e de outros profissionais da área sempre foram assim?
Neste artigo, vamos te mostrar que, curiosamente, não. Você vai se surpreender com a história dos uniformes da área da saúde, desde quando surgiram até o atual momento.
Enfermagem: como as peças evoluíram ao longo do tempo
O uniforme de enfermagem não era como vemos hoje, essa composição de calça e blusa bem confortáveis. Há um registro de enfermeiras cuidando de enfermos na Guerra da Crimeia com vestidos longos que se assemelham aos hábitos de freiras, em 1894. A ideia de ser tão comprido era para que se evitasse, ao máximo, ter contato com infecções.
Florence Nightingale foi essencial na história dos uniformes da área da saúde, não apenas da enfermagem. Reconhecida por ser pioneira no tratamento de feridos de guerra, ela descobriu e defendeu que as condições sanitárias eram fundamentais para o tratamento de pacientes. Hoje, parece óbvio, mas até que a enfermeira lutasse pela higiene, não. Ela acrescentou, inclusive, um avental por cima dos longos vestidos das enfermeiras como uma forma de proteger mais os profissionais.
Com passar os anos, a forma de se vestir das enfermeiras não mudou muito. Começou a se tornar comum uma faixa no braço com uma cruz vermelha, para identificação. Na Finlândia, em 1918, as enfermeiras também adotaram um tipo de véu que cobria toda a cabeça, deixando só o rosto de fora.
Na chegada dos anos 70 e 80, através de uma mudança cultural, foi possível notar a substituição dos antigos uniformes pelos novos. Era hora de deixar para trás aquelas vestimentas pesadas e começar a usar uniformes mais leves e confortáveis, ideais para a jornada de trabalho do profissional da enfermagem.
Luvas e toucas cirúrgicas
A primeira luva de látex foi criada pelo Dr. William Halsted quando sua noiva, a enfermeira Caroline, contraiu uma dermatite ao lavar as mãos com produtos químicos. Mais tarde, com o novo uso das luvas, notou-se a diminuição do número de infecções. Logo, isso serviu de inspiração para que ele criasse aventais e toucas cirúrgicas. Esse foi um capítulo importante da história dos uniformes da área da saúde. Certamente, salvou vidas.
Médicos: a “regra” de usar branco
A tradição começou mesmo por volta dos séculos V e VI, no templo de Hipócrates, onde os doentes recebiam tratamento. O uso de roupas brancas não era uma marca apenas de médicos, mas de auxiliares e pacientes, para não haver distinção entre eles. Além disso, também justificam o uso das roupas brancas devido ao clima muito quente do lugar, nesta época, na Grécia.
Em meados do século XIX, era mais comum que médicos usassem roupas escuras, pois o tom representava uma classe social superior. Foi nesse momento, também, que cirurgias começaram a ser realizadas. E veja só que ironia: os cirurgiões usavam esses tons escuros para as manchas de sangue aparecerem menos.
Branco torna-se sinal de limpeza
No final do século XIX, as questões de higiene começaram a ganhar mais destaque. O branco, por deixar transparecer a limpeza, era a melhor cor a ser adotada pelos médicos.
“Qualquer sinal de sujeira fica visível, forçando o médico a trocar-se rapidamente”, diz o estudioso da história da medicina Décio Altimari, da Santa Casa de São Paulo.
O uso de jaleco branco também é um ícone que define os profissionais da saúde. Claramente, o uso da peça branquinha provoca uma sensação de limpeza e higiene, ideais para aqueles profissionais que vão trabalhar cuidando da saúde das pessoas. Mas jaleco como bom sinal de boa higiene é algo relativamente novo. Na Idade Média, por exemplo, usar o jaleco sujo era sinônimo de que o médico estava empenhado no trabalho.
Hoje, existem várias recomendações de uso e cuidado com essa peça. Manter sempre limpo e não utilizá-lo fora do ambiente hospitalar, são uma das regras super importantes, conforme orienta a Anvisa e OMS. Detalhamos as regras neste artigo.
Scrubs ou pijamas cirúrgicos
O uso desses pijamas cirúrgicos, ou scrubs, como também é conhecido, tem uma finalidade simples: proteger os cirurgiões e auxiliares de agentes infecciosos. Depois da pandemia da gripe espanhola, em 1918, os profissionais da saúde se apegaram ainda mais na teoria antisséptica de Lister. Com os passar dos anos, os cirurgiões adotaram mais técnicas para que os procedimentos fossem feitos da forma mais higiênica possível. Em 1940, os uniformes brancos começaram a ser usados nas salas de cirurgia, mas percebeu-se que o excesso da cor branca junto com as luzes da sala cirúrgica, causavam tensão ocular nos médicos. Anos depois, começaram a adotar pijamas cirúrgicos nas cores verde claro ou azul claro, também acreditavam que o uso de cores deixava o sangue menos visível.
Também é comum vermos, atualmente, o uso de scrubs com estampas em áreas que foram influenciadas por profissionais da saúde. Esse uniforme não é usado somente por cirurgiões, outros profissionais, como esteticistas e funcionários de setores administrativos de hospitais, têm adotado esse uniforme com estampas para diferenciar-se um pouco e sair do básico de cor única.
Os uniformes hospitalares na pandemia do novo coronavírus
Desde a chegada do novo coronavírus no Brasil, aconteceram, dentro e fora dos ambientes hospitalares, várias mudanças nos cuidados higiênicos e sanitários. Os profissionais da saúde que estão na linha de frente ao combate da Covid-19 reforçaram seus uniformes ainda mais, devido ao alto risco de contágio.
A mudança começou a ser percebida quando os médicos socorristas do Samu foram vistos usando um outro tipo de uniforme além daquele azul escuro tradicional. Trata-se de um uniforme todo branco, revestido de TNT, que cobre todo o corpo. Além de toucas, luvas, proteção na sola dos calçados e claro, máscaras.
Máscaras: símbolo da saúde na era moderna
Segundo o Revista Época Negócios, as primeiras máscaras cirúrgicas começaram a ser utilizadas por médicos em 1897. Tratava-se de um lenço amarrado ao redor do rosto. Em 1911, houve um aumento significativo na produção de máscaras. Logo, o item começou a ser utilizado por médicos, soldados e todas as pessoas. Além da invenção ter ajudado no controle de propagação de doenças, tornou-se o símbolo da medicina moderna. É, com certeza, um dos itens que vai ficar para a história do combate ao novo Coronavírus.
O item saiu dos hospitais e chegou às ruas. No início da pandemia, as recomendações eram claras, indicando o uso de máscara apenas para a pessoa que estivesse infectada ou com suspeitas. Para os hospitais, apenas quem tinha autorização da Anvisa poderia produzi-las. Depois, houve a liberação para todos de modo a atender a demanda e o Ministério da Saúde recomendou o uso geral de máscaras.
Hoje, em algumas cidades, já se tornou uso obrigatório para todos que saírem na rua. Como a recomendação é fazer a máscara em casa, o item ganhou vários detalhes, como estampas. A fabricação também tornou-se alternativa para geração de renda.
História dos uniformes
Agora que você conheceu a história dos uniformes da saúde, surpreenda-se com a história dos uniformes, de forma geral. Confira neste link!