Abayomi: como fragmentos de roupa transformaram-se em símbolo de afeto
A escravidão não poupava as famílias. Milhares de mulheres saíam das várias partes da África com seus filhos sem saber se no Brasil continuariam com eles. Algumas, viajavam apenas com a roupa do corpo, mas os trajes já eram suficientes como matéria-prima do que acalentaria as crianças durante a viagem nos navios negreiros. Elas rasgavam pedaços das saias, vestidos e com laços e nós confeccionavam uma boneca para acalmar as crianças. Assim teria surgido a abayomi. Em iorubá, o termo significa encontro precioso.
“As bonequinhas serviam como símbolo de acalanto e cuidado naquele momento desumano”, explicou a educadora do Museu Afro Brasil, de São Paulo, Mirella Santos Maria ao site Vix.
“Homens e mulheres rasgavam retalhos de suas roupas para fazer as bonecas, mas se dá uma ênfase maior às mulheres, que presenteavam os filhos com esse símbolo. Ele servia como um amuleto”, complementou Mirella.
Há quem diga que a boneca era entregue como lembrança da mãe para os filhos quando as famílias eram separadas no Brasil. Também ganhou status de amuleto. Assim, presentear alguém com uma abayomi é como desejar boa sorte.
A ausência de olhos, boca e nariz tem a ver com os poucos recursos que os negros tinham à disposição para confeccioná-la. Também tornam a boneca mais democrática, para simbolizar qualquer etnia africana.
Outra versão: cheia de simbolismo também
Muitos dizem que a história sobre a confecção das abayomis nos navios é lenda. Mas de acordo com a historiadora e professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), membro do Núcleo de estudos afrobrasileiros e indígenas (NEABI), Juliana Serzedello Crespim Lopes, a história negra carece de registros. Muito do que sabe-se sobre esse povo que ajudou a construir o Brasil foi passado oralmente. Assim, fica no ar qual a real origem da boneca.
Outra história é que a bonequinha teria sido criada pela artesã Lena Martins, de São Luís, Maranhão. Nos anos 80, ela teria inventado a abayomi porque já confeccionava outras bonecas que não eram negras. Como integrava o Movimento Negro, sentiu falta de uma boneca que representasse o seu povo.
“Dei esse nome à bonequinha porque uma amiga estava grávida e, se fosse menina, seria Abayomi. As primeiras amarrações foram em um pano azul. Mas, depois, passei a fazer em tecido preto, para simbolizar a resistência negra, e com roupas diferentes, como de astronauta, palhaços, santos, orixás.Também faço em tamanho real”, contou Lena.
A história da W3 com a abayomi
Qual a versão correta da história das abayomis nós não sabemos. Mas a lenda nos inspirou a levar a mensagem de que os encontros são preciosos para nós com nossos clientes, colaboradores e parceiros. Para nós, todos que estão no nosso caminho propiciam trocas valiosas e merecem sorte pela estrada que escolheram trilhar. Por isso, procuramos por uma artesã, Marcela Alexandre, que carrega uma história bem significativa com a abayomi para deixar o nosso presente ainda mais especial.
A também pedagoga confecciona a boneca desde novembro de 2014. Ela contou que W3 foi a primeira empresa que encomendou a boneca como brinde.
“Os pais e mães das bonecas abayomis da W3 são os funcionários. Eles que cortaram, forneceram a matéria-prima. É muito bonito ver que o que seria descartado vai se tornar um presente carregado de significados”, pontuou.
De acordo com Marcela, a abayomi também desperta a criança interior que cada um tem e às vezes fica adormecida. Assim, é um presente que remete aos nossos mais tenros desejos, da infância, de uma época que tudo parecia possível.
A história de Marcela com as abayomis
Na época, a pedagoga procurava por algo que trabalhasse a africanidade dos alunos de um grupo do qual ela estava à frente, pois a maioria dos estudantes eram negros. Ela descobriu as abayomis, os lindos significados delas e começou a desenvolvê-las.
Além das bonecas, ela criou brincos. Faziam muito sucesso por onde ela passava. As bonecas também começaram a chamar muita atenção e por isso ela criou a marca, a Dandarinhas Abayomi. Hoje, ela divide o tempo como supervisora de uma escola e com a confecção da boneca, oficinas e outros trabalhos com inspiração na África.
Para acompanhar o lindo trabalho da Marcela, acompanhe o perfil da Dandarinhas no Instagram: https://www.instagram.com/dandarinhasabayomi/
E para conhecer mais histórias interessantes sobre uniformes, tecidos e todo universo do segmento, acompanhe o blog da W3!