CAMISAS DE FUTEBOL: A HISTÓRIA DA NUMERAÇÃO NOS UNIFORMES
Por anos, os times de futebol jogaram sem numeração nas camisas. Só setenta anos depois da criação do esporte é que alguém teve a ideia de numerar os uniformes. Os motivos são a polêmica nos jogos com atletas semelhantes, súmulas confusas e outros. Em 1933, a federação inglesa, bem à frente no profissionalismo do esporte, inovou logo na decisão da tradicional Copa da Inglaterra.
No dia 29 de abril daquele ano, num Estádio de Wembley lotado, o Everton venceu o Manchester City por 3 x 0. Curiosamente, os jogadores do Everton atuaram com as camisas do 1 ao 11, enquanto o City jogou do 12 a 22. Logo depois, a entidade esportiva britânica liberou a utilização dos mesmos números para os dois times em campo.
Apesar de a numeração facilitar a identificação dos atletas em campo, a Fifa demorou um pouco mais a aceitar a novidade como regra. A primeira Copa do Mundo com identificação numérica foi em 1950, no Brasil, 17 anos depois do primeiro jogo realizado com uniformes numerados. Os clubes brasileiros já vinham utilizando o novo recurso visual desde 1947.
Numeração eternizada
Até então, não havia qualquer preferência por número. Até que um certo Pelé, aos 17 anos, eternizou a camisa 10 em 1958, quando a Seleção Brasileira venceu o seu primeiro mundial com um verdadeiro show do Rei do Futebol, foi ele quem transformou o número em sinônimo de craque.
Mas o que poucos sabem é que Pelé não escolheu a camisa 10, foi uma obra do acaso. Pois os números eram “sorteados” de acordo com as posições dos jogadores e logo a camisa 10, a camisa dos craques, caiu para o Rei.
Falando nisso, assim como Pelé inovou com a camisa 10, ainda é possível alguém desenvolver um número específico para um craque? Messi e Maradona com a camisa 10, por exemplo. Cristiano Ronaldo com a camisa 7, no Real Madrid e na seleção de Portugal. E até mesmo o recém-aposentado Andrea Pirlo, que jogou com a 21 em todos os clubes que passou depois de atingir o estrelato (Milan, Juventus e New York City), além, é claro, na Seleção Italiana, que não conseguiu se classificar para a Copa do Mundo de 2018.
No Atlético Mineiro, Ronaldinho Gaúcho fez história com a camisa 49, uma homenagem à mãe, que havia passado por problemas de saúde quando ele entrou para o time. 1949 é o ano de nascimento de Dona Miguelina.
Porém, a numeração nas camisas já foi alvo de polêmicas, algumas até pesadas demais, como a do goleiro e ídolo eterno da Juventus e da Itália, Gianluigi Buffon, que, em sua época de Parma, de 1995 a 2001, utilizou a camisa número 88. O que o goleiro não contava é que algumas pessoas entenderiam a escolha como uma apologia ao nazismo, pois a oitava letra do alfabeto é o H. Assim, o número 88 significaria HH, as iniciais de “Heil Hitler”, a saudação feita pelos alemães a Adolf Hitler, dá pra acreditar? O arqueiro logo tratou de desmentir isso e disse que optou pelo 88 por se tratar de quatro bolas de futebol e que essa camisa nem era sua primeira opção. Hoje, Buffon joga com a camisa número 1, como a maioria dos goleiros.
Mas nem sempre os guarda-redes usam a clássica camisa 1, temos até mesmo um exemplo brasileiro, na Copa de 2002, a copa do penta, o goleiro Marcos (ou “São Marcos”) vestiu a camisa número 12, e convenhamos, deu muita sorte para o Brasil. Já na Copa desse ano, um exemplo que foge do 1 clássico é o do arqueiro mexicano Guillermo Ochoa, que joga com a camisa 13 na seleção e com a número 8 no seu clube, o Liège, da França, estranho, não é?
E assim, os números nas camisas dos jogadores tornaram-se regra e até uma forma de marcar presença de um jeito único nos gramados.