Como o abadá revolucionou o Carnaval
Até 1993 as roupas típicas dos blocos carnavalescos da Bahia eram bem diferentes. Em vez do abadá, predominava a mortalha, uma espécie de túnica com um rasgo do lado, perto das pernas, para facilitar a mobilidade.
Mesmo que pareça muito longa e conservadora, em relação ao que usava-se até 1960 a mortalha era considerada uma evolução. Ela substituiu as fantasias com inspiração europeia, como os pierrôs ou caretas (mascarados). As mortalhas eram mais baratas, símbolo de liberdade e ao contrário do que o nome sugere, eram alegres. Tiveram origem no traje associado à morte mesmo, mas ganharam as cores do Carnaval. Antes da criação do abadá, também registrou-se a adoção de macacões e quimonos apesar das mortalhas predominarem.
No entanto, elas deixaram de ser práticas quando os trios elétricos ganharam as ruas de Salvador. O criador do abadá, Pedrinho da Rocha, conta que já havia apresentado o traje para alguns clientes, mas só em 1993 o designer e publicitário ganhou um sim. Quem apostou no abadá pela primeira vez foi a Banda Eva.
Na época, houve preocupação sobre como os foliões fariam com a parte de baixo, não foi óbvio que podiam usar shorts e calças. A ideia também mostrava-se arriscada porque uma pesquisa havia mostrado que encurtar a mortalha era contra a vontade dos foliões. No entanto, depois que a Banda Eva usou, todos seguiram a tendência. Durval Lelys, que saiu da Eva em 1993 após o Carnaval, levou a ideia para a banda Asa de Águia.
Origem do abadá
Atualmente, a mortalha ficou para a história definitivamente e o abadá popularizou-se, é até cantado pela Banda Eva em uma música com o nome da peça:
“Eu vou sair de abadá
Eu vou sair de abadá
Eu vou sair de abadá
Meu amor, me leva”
A letra faz referência à mudança de indumentária, logo nos primeiros versos, diz: “Vou mudar minha fantasia”. Ainda fala sobre a origem do nome, abadá vem de uma das peças usadas pelos capoeiristas “Capoeira me levou/Carnaval em Salvador” .
A ideia original de Pedrinho da Rocha, inclusive, era fazer algo inspirado na roupa, mas mudou a ideia, no meio do caminho, embora tenha conservado o nome. Na tradução, do iorubá, abadá significa “camisa”.
Customização de abadás
A W3 já confeccionou diversos abadás e até fez uma ação durante uma das edições do Axé Brasil em Belo Horizonte com a customização de abadás. A personalização das peças deixa os foliões bastante satisfeitos, já que a possibilidade diferencia cada um apesar das peças serem originalmente iguais.
Ao se preparar para o Carnaval, conte conosco para confeccionar o abadá!
Foto da capa: Arquivo/Blog Pedrinho Rocha